O modo de produção ocidental industrializado prega a separação do trabalho das demais dimensões da vida social. Essa separação torna-se possível pela alienação do trabalho: quando o indivíduo não é mais detentor dos meios de produção. Nessa conformação, o lugar de diversão (do ócio, da socialização, da convivência familiar) não pode ser maculado pelo lugar do trabalho, sendo repreendido levar trabalho para casa.
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Cena do filme Tempos Modernos.
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De todo modo, essa premissa básica ocidental não encontra equivalência nas sociedades que adotam o modo doméstico de produção. Nelas, o trabalho é integrado à vida social dos indivíduos, não tendo a delimitação de espaços, lugares ou pessoas. Assim, o trabalho ganha um viés quase místico, fazendo parte da religião, da diversão, dos laços familiares e das redes de compadrio.
No modo de produção doméstico, a economia e as relações de trocas são integrantes das relações familiares e de parentesco. Nesse contexto, a família torna-se a instituição central de produção.
É importante notar que essa forma de produção não necessariamente significa que não ocorram trocas ou que o núcleo familiar seja autossuficiente. A produção de excedente existe, mas não visa o lucro e sim a realização de trocas para atender às necessidades familiares.
Nesse modelo, há a soberania dos grupos domésticos de produção e a divisão sexual do trabalho. Também não existe a alienação do trabalho, como ocorre nas sociedades industrializadas. As técnicas são conhecidas e os instrumentos são facilmente fabricados, sendo os processos produtivos unitários: tudo pode ser produzido dentro do grupo.
A terra não é de propriedade da família, mas da comunidade. Tendo a família tão somente a preferência no usufruto dependendo da sua posição social. Esse modelo de compartilhamento das terras e pastagens garante que os bens da comunidade e os meios de produção sejam inalienáveis.
Por fim, é importante frisar que essas sociedades são hierarquizadas, mas não significa que tenham divisão de classes ou estratificadas.
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