Cultura e política na década de 1920

Os loucos anos 20


Autor: desconhecido.
Nas décadas de 1920 e 1930 as sociedade viviam grandes tensões. A época insere-se em um período marcado pelo fim uma guerra de tamanhos nunca vistos, e que deixou várias transformações sócio-políticas e econômicas, e também por um prenúncio de uma nova escalada bélica entre as nações. 

Essas tensões refletiram-se nas artes, cultura e no imaginário popular. A utopia, característica dos anos anteriores, que vislumbrava o futuro como próspero e feliz, deu espaço para as distopias.  Nesse contexto, livros marcantes foram lançados, se por um lado Marx e Engels refletia uma sociedade mais justa com o livro O Manifesto Comunista, nos “anos loucos” Franz Kafka lança “O processo”, que reflete as contradições e inquietações do mundo moderno. 

    Nessa mudança de pensamento o futuro não é mais concebido como um lugar mais justo em que todas as contradições atuais serão superadas através do avanço técnico-científico, mas a percepção é de medo e tensão, uma vez que as inovações estavam sendo usadas de forma letais, como foi o caso dos aviões. 

O movimento surrealista ganha força nessa época. A premissa básica é que a racionalidade levou o mundo aos horres da guerra, e que era necessário buscar a negação desse sistema. Assim, os artitas afastaram-se das convenções estéticas vigentes e buscaram no inconsciente a inspiração de suas obras.

Expansão da Nova Direita

    Os termos esquerda e direita aplicados ao contexto político surgiu durante a Revolução Francesa, no final do século XVIII, no qual a Assembleia Nacional foi dividida entre ala dos liberais girondinos, sentados à direita, e dos radicais jacobinos, sentados à esquerda. Esse primeiro grupo defendia que a revolução tivesse um caráter liberal e a baixa intervenção do governo nas atividades econômicas, além disso, adotavam posições moderadas no que tange a participação das massas populares na vida política. Essas características continuam quase a mesma durante todo o século XIX, com algumas poucas alterações e variações, caracterizando os grupos políticos de direita. 

    A nova direita que emerge na segunda década do século XX tem inspirações fascistas, apropriando-se de algumas experiências e conceitos socialistas. A suposta participação popular, discursos enérgicos, forte uso dos meios de comunicação, aversão ao establishment e a intervenção do governo na ordem econômica tomam conta das pautas desse novo grupo político.

   Cinema

Cena clássica do filme "O Encouraçado Potemkin"
O cinema surgiu no final do século XIX, em um contexto de aumento das tensões políticas e econômicas ao mesmo tempo em que as ciências, as artes e a cultura na sociedade européia desenvolviam-se de forma espetacular. O avanço tecnológico permitiu que os governos usasse desse novo mecanismo de comunicação para impor o seu poder político e simbólico.

    O cinema permite a criação de imaginários sociais e a sedução da ordem emocional. A dominação cultural exercida era um importante meio de propaganda ideológico, tanto dentro do território quanto fora. É nesse contexto que surge a cidade de Hollywood, nos Estados Unidos, e a Cinecittà, na Itália fascista. Além disso, houve significativos investimentos por parte dos governos nessa indústria, como é o caso do filme soviético O Encouraçado Potemkin, que trouxe diversas inovações e soluções estéticas e técnicas ao cinema, ao mesmo tempo que exaltava a vitória das forças populares.

Os Jogos Olímpicos




     
Nos “anos loucos” houve uma crescente valorização do esporte e das habilidades físicas - para isso os motivos são diversos. A ideia de disciplina e ordem estavam constantemente em debate. No Brasil, inclusive, o governo Vargas usou fortemente dessa ferramenta para inserir seus discursos e interesses, principalmente através do futebol, ajudando para a consolidação desse esporte como algo pertencente à brasilidade.

    Essa valorização do esporte não é algo exclusivo das sociedades ocidentais modernas, inclusive os Jogos Olímpicos da Era Moderna são inspirados nos desenvolvidos na Grécia Antiga. Essas competições voltaram a ser praticadas no final do século XIX, na Grécia, todavia, elas não estavam alheias às tensões políticas do mundo, e seus espaços de competição foram usados para diversos fins, como econômicos e políticos, em que governos queriam mostrar ao mundo a ideia de vigor e força de sua nação, minguando, assim, o espírito olímpico. 


Anos 20, século 21

O clima de polarização entre a esquerda e a direit, em suas expressões extremadas, dificultava o efetivo reconhecimento da importância das diferenças que apareciam nos dois campos e às vezes em mal definidas zonas situadas entre ambos os pólos
Trecho retirado de “Cultura e Política nos anos críticos” (Leandro Konder)

    A polarização vivida no início do século XX foi nociva a toda e qualquer voz que não se alinhasse aos pensamentos dos grupos vigentes. Assim, o pensamento, manifestação ou voz divergente eram prontamente tolhidos, não havendo possibilidades para o contraponto ou derivações nas concepções teóricas, metodológicas e materiais do que era esquerda ou direita.

A busca pela subversão da ordem constitucional
é característica de grupos extremistas.
    A arte desenvolvida na União Soviética deveria seguir os padrões estéticos do realismo soviético, e a única arquitetura possível deveria ser dentro dos padrões do construtivismo russo. Não somente no campo da esquerda, outros grupos também mostraram-se sectários, como é o caso do nazismo, que fechou a Escola de Bauhaus em 1933, acusando-a de ser marxista. 

    O espectro político-ideológico, dessa forma, estava concentrado somente em duas possibilidades rígidas possíveis, incitando a guerra e o contraste entre “nós” e os “outros”. Qualquer pessoa, instituição, expressão artística ou técnica deveria estar apoiando de forma integral uma ou outra visão de mundo.

Esse movimento não é algo exclusivo dos “anos loucos”, mas também pode ser visto em diversas outras épocas, sendo mais evidente na Guerra Fria, em que a polarização voltou a pautar o imaginário popular e o funcionamento das instituições. No Brasil, por exemplo, esse sectarismo levou a uma intervenção militar temporária de 21 anos, e até hoje ainda podemos ver reflexos desse movimento, inclusive com agentes políticos ainda incitando a dualidade “comunismo” x “capitalismo” para fazer valer seus objetivos. 




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